Seguidores

sábado, 14 de janeiro de 2012

O drama alheio


Algumas pessoas que me conhecem, ficam me sacaneando dizendo que eu gosto de dramas. Tipo aquelas reportagens em que mostram tragédias. É, eu páro para prestar atenção sim. A Aninha fala "Ué, tia, como vc gostou desse filme se ninguém morreu de câncer ou não houve nenhum acidente fatal?". Pois é, eu tenho que aturar essas coisas e até entendo que eles pensem isso. Meu marido joga nesse time também e diz que eu sou igual à minha mãe. Mas...eu sei o que penso nessas horas. Não são os detalhes da tragédia que me chamam a atenção. Eu sempre me interessei por gente. Eu sempre quero saber do depois de tudo aquilo. O que faz uma pessoa levantar depois da queda? O que ela pensou naquele momento? Mais do que a dor que ela sentiu na hora, qual a dor que a angustia agora? O que eu poderia fazer por ela se estivesse perto? O que eu diria? E se fosse eu a passar por aquilo? Minha cabeça ferve. Qual a explicação que o cara vai dar quando comete um crime? O que ele pensa, será que pensa? Tudo isso me intriga. A cabeça das pessoas. Como pode haver um ser humano que pensa desse ou daquele jeito? Um pai que perde todos os seus filhos e ao invés de se matar, cria uma ONG. Já outro vai lá e se vinga. Quando eu vejo uma tragédia, eu vejo algo mais. Talvez eu veja a capacidade de aprender alguma coisa dali.
Então esse post de hoje me foi inspirado por uma pessoa que eu não conhecia e que, na verdade nem conheço mesmo. Explico: eu frequento o Gefis (Grupo Espírita da Fraternidade Irmã Scheilla). Quem quiser saber um pouco mais, clica no link www.centrogefis.blogspot.com. Eu faço parte do departamento do artesanato, como já comentei aqui. Hoje foi dia e teve reunião com as irmãs da evangelização das crianças. E nessa reunião tinha uma senhora que estava indo pela primeira vez. Ela foi com um menino de uns 4 anos e um bebê de 7 meses. Uma senhora simples, com crianças gordinhas e bem cuidadas. Ela não sabia se segurava a criança ou se preenchia a ficha. As pessoas olhavam pra ela, reparando nos detalhes. Era mãe? Parecia mais velha. Eu reparava também (feio isso, né?), as pessoas são assim e eu não sou diferente. Eu reparei ela dando um beijo no bebê e isso me deu prazer. Mas em dado momento, a expositora falou, acho que sobre as dificuldades da vida e a senhora começou a chorar. As crianças eram 2 dos seus netos abandonados pela filha que se droga com maconha e crack. Ao todo são 8 crianças pra ela sustentar sem ter visivelmente condições. E mais uma vez eu vi no beijo que ela deu no bebê e em suas lágrimas uma pessoa por trás da tragédia. Eu vi a força naquela mulher tão simples, que eu talvez não tivesse. Eu vi. E o meu dia foi diferente por causa dela e eu espero conhecê-la melhor e aprender que a gente não vem aqui à passeio. E que talvez a cobrança seja maior para aqueles que vivem no ar condicionado de suas casas com suas mechas californianas, e que nem olhem pra vizinho. Eu sinto vergonha de não ajudar e eu não faço 5% do que sei que sou capaz de fazer. Porque eu acho que não basta ter consciência, é preciso arregaçar as mangas e por isso eu peco. Então é isso...

Um comentário:

  1. Primeiramente gostaria de me defender aqui dizendo que sacaneio, sim. Mas faço, assim como o tio Duda apenas uma caricatura de uma característica sua.
    Bem, eu entendo como se sente ao ver esses blogs que tem alguma tragédia, pois o que interessa não é o acidente em si, mas como a pessoa passou por cima disso, e que tipo de pessoa se tornou depois...
    Interessante essa história sobre a senhora no Scheilla.
    Continue sempre escrevendo, ainda terão muitas flores por aqui no seu jardim. Beijos

    ResponderExcluir

Valeu gente por estar aqui comigo hoje.Bjs!